quinta-feira, 21 de junho de 2012

Corinthians, guerreiro de coração!



E a história se repete...



16/12/1990. Era a primeira vez que eu entrava em um estádio de futebol. Sentado no banco de madeira do setor intermediário do Morumbi, então com 7 anos de idade, eu não fazia idéia do que me transformaria depois das 18hs daquele dia fatídico. O Corinthians até aquela tarde não havia ainda conquistado um campeonato nacional e era motivo de piadas e chacotas dos torcedores dos outros clubes paulistas. Era um tormento, a conquista era uma obsessão e a cada fase que o SCCP avançava "era o máximo que o Corinthians chegaria", diziam os antis. 


Morumbi 1990


Tupãzinho, o talismã da Fiel. Autor do gol do título de 1990.


Eis que o Corinthians se superou, surpreendeu e venceu o favorito. Calou os críticos, derrubou barreiras, bateu no peito e gritou: AQUI É CORINTHIANS! O Coringão era campeão brasileiro depois de 20 anos lutando.


Marcio Bittencourt com a camisa suja de sangue, exemplo da garra alvinegra.


Só voltei a pisar em um estádio dois anos depois, dia 12/10/1992, dia das crianças. Um Pacaembú lotado viu o Corinthians golear o Bahia por 5x1 pelo Campeonato Brasileiro. Foi a primeira vez que assisti um jogo no meio dos Gaviões. Inesquecível pra mim. O DNA corinthiano que herdei no ventre, se contaminava ainda mais de preto e branco. A partir daquele momento, ainda uma criança de 9 anos, já sabia que meu destino seria perambular por aí acompanhando meu Coringão. Eu era um GAVIÃO.




Até o ano de 1997, frequentei pouco as arquibancadas, afinal era um pirralho e dependendia da vontade dos outros para ir aos jogos. Então com 13 anos, resolvi que começaria a juntar meus trocados para comprar ingressos e iria aos jogos sozinho mesmo, ignorando os protestos de todos, principalmente de meu pai. Comecei a ir à escola à pé e "serrar" o lanche dos nerds para economizar o dinheiro. Os ingressos na época custavam em média R$ 10,00, então não era tão difícil juntar. Deu certo e comecei a ir aos jogos no Pacaembu, me acostumei com a rotina, fui ganhando malandragem e alçando vôos mais altos. Na final do Paulista daquele ano fui pela primeira vez sozinho ao Morumbi. Quase morri na volta, por não saber que o Paissandú é território inimigo, mas voltei CAMPEÃO e (quase) ileso, pra casa. Chegou o Brasileiro e a história se repetia. "Vai de bike pra escola, come o que conseguir pedir (ou roubar), junta 10 mango, vai até o Paca, compra ingresso e espera a quarta à noite". Essa era a rotina. Mas ainda faltava um detalhe: Eu não tinha o manto negro dos Gaviões, sequer era sócio! Fiz um esforço à mais, enchi o saco de quem eu pude e fiz minha carteirinha. Meu pai só veio saber do fato 6 meses depois, quando fui em minha primeira caravana: Belo Horizonte. Lugar horrível, clima detestável, um calor de matar lagarto e uma torcida disposta à nos matar. Choveu garrafa, pedra e rojão em nossas cabeças, mas resistimos, revidamos e fizemos nossa parte na arquibancada. Fomos campeões brasileiros naquele ano, numa final histórica contra o Cruzeiro.
De 1999 em diante, a coisa mais ou menos se repetiu. Grandes jogos, caravanas, títulos, decepções... Comecei à me aproximar do Carnaval, apesar da minha formação metaleira, passei a frequentar a quadra com mais assiduidade e colecionar incontáveis histórias de torcedor. Só uma coisa continuava à incomodar, a maldita Libertadores da América. O grande argumento dos rivais para nos diminuir... 




20/06/2012. Vinte e dois anos se passaram desde aquele domingo ensolarado em 1990 e o cenário ainda é o mesmo. A obsessão (parece que maior dos outros que nossa) pelo título é a mesma. As piadinhas e chacotas idem. Mas dessa vez, os bons ventos parecem estar trazendo de volta o mesmo destino de 90. O Corinthians está mais perto que nunca de proporcionar à Fiel a única alegria que ainda não tivemos. Ontem o Pacaembú se eletrizou. A massa alvinegra, mesmo acostumada com sua força e dedicação, se surpreendeu. Ao apito final, todas as dificuldades do passado voltaram à mente dos mais de 37 mil privilegiados presentes e dos 30 milhões por esse mundão afora. Chegou a hora! Estamos na final! As lágrimas da recompensa escorreram ontem nos rostos alvinegros, inclusive o meu. Não ganhamos nada ainda, mas pelo menos dessa vez temos chance. Estamos lá e vamos lutar, até o final como sempre! E aqueles que não suportam ver a alegria, a humildade e a garra vencerem, que se preparem, pois o pesadelo está próximo...


Ps: Está tudo caminhando pra mais uma história no meu "curriculum de torcedor", talvez a mais sensacional de todas! La Bombonera, ai vamos nós!


VAI CORINTHIANS!


Um comentário:

  1. Texto bacana... mais bacana ainda é ouvir isso td dia... pessoalmente. Obrigado por me ensinar tanto sobre nosso Corinthians professor. com carinho Don Ramirez.

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